História e cinema na África

História e cinema na África

 

Por iniciativa do Festival Dockanema, em colaboração com a Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), será realizado em Maputo, entre os dias 13 e 15 de setembro de 2010, o simpósio internacional “Para uma História do Cinema em Moçambique”, com o tema “Globalidade versus identidade: reflexões sobre a sua gênese, contexto e influência para o entendimento do cinema contemporâneo”.

O encontro vai reunir um conjunto de investigadores especializados em temas relacionados com a imagem, a história e a produção de cinema em Moçambique, com contribuições provenientes de vários países, como Bélgica, Brasil, Inglaterra, Alemanha e Portugal. Serão três painéis: “Dos pioneiros do cinema à resistência política” (13 de Setembro); “Imagens em movimento como ato de cultura e vanguarda” (14 de Setembro) e “Apontamentos para uma cinematografia moçambicana” (15 de Setembro). A ideia é propor um momento de visibilidade cinematográfica e também um espaço de reflexão sobre as pesquisas realizadas em torno do cinema moçambicano.

Os contextos específicos da resistência anti-colonial dos movimentos de libertação e da Independência levaram a uma maior inscrição de imagens na história de Moçambique. Durante alguns anos, do início de 1970 até ao início de 1980, Moçambique transformou-se num lugar chave no mapa mundial do cinema experimental e revolucionário.

A sua natureza internacional e a influência que veio a ter na construção de cinematografias de outros países, teses e carreiras de realizadores, fotógrafos, artistas e acadêmicos no mundo inteiro, eleva a pertinência da realização deste encontro que pretende, pela primeira vez em Moçambique, reunir um leque de pessoas que, de uma forma ou outra, sempre com abordagens distintas e sem necessariamente terem alguma relação entre elas, consideram central, no seu percurso profissional e pessoal, debruçarem-se sobre o cinema de um país africano.

Confira a programação do simpósio:

13 de Setembro de 2010

I Painel: Dos pioneiros do cinema à resistência política

Sessão de Abertura do Simpósio
Director da FLCS – UEM: Armando Jorge Lopes
Director do Festival Dockanema: Pedro Pimenta
Moderador: Nataniel Ngomane

Palestrantes:

Guido Convents
Analisa os primórdios do cinema em Moçambique desenvolvendo uma intervenção sobre as imagens em movimento numa perspectiva histórica, económica, política e de propaganda.

Margaret Dickinson
Apresenta o filme BEHIND THE LINES, realizado nas zonas libertadas da FRELIMO, que se tornou um documento operativo para perceber as dimensões sócio-políticas da oposição interna moçambicana à presença colonial portuguesa.

Filme: BEHIND THE LINES, Margaret Dickinson, 1971, 53’

14 de Setembro de 2010

II Painel: Imagens em movimento como acto de cultura e vanguarda

Moderador: Nataniel Ngomane

Palestrantes:

Ros Gray
Cartografa como é que a experiência do cinema em Moçambique gerou conceitos, estéticas e estratégias novas. Também perspectiva interconexões entre a prática cinematográfica, políticas nacionais e internacionais das imagens em movimento e entre a política anti-colonial e a teoria cultural.

Catarina Simão
Com o projeto Fora de Campo propõe olhar o Arquivo de Cinema de Moçambique através das práticas materiais, simbólicas e políticas da sua própria estrutura de memória. Defende que a estrutura que sustenta os filmes da propaganda oficial socialista, lutando contra os efeitos do imperialismo, é simultaneamente o depósito de experiências humanas e de
interferências políticas que interessa relacionar.

15 de Setembro de 2010

III Painel: Apontamentos para uma cinematografia moçambicana

Moderador: Nataniel Ngomane

Palestrantes:

Alessandra Meleiro
Expõe experiências de publicação de pesquisas sobre diversas cinematografias em redor do mundo e perspectivas de viabilização de um projeto semelhante relativo ao cinema em Moçambique.

Sílvia Vieira e Bruno Silva
Através da recolha, sistematização e análise de dados relativos aos filmes produzidos e entrevistas realizadas aos principais cineastas e produtores moçambicanos, oferece-se uma perspectiva acerca do percurso do cinema entre 1975 e 2010.

Drew Thompson
Reflete sobre a cultura visual moçambicana (fotografia e cinema), numa perspectiva de análise dos movimentos de libertação, independência e pós-lutas em termos de movimentos e políticas de identidade.

Filme: CINEMA MOÇAMBICANO – Assim estamos livres – 1975/2010, Sílvia Vieira, 16’, 2010