A concepção do diretor de arte

A concepção do diretor de arte

 

Por Alessandra Meleiro e Edylita Falgetano

A “cara” de um evento, de uma obra teatral ou audiovisual – seja ela publicitária,um programa de TV,um filme ou um vídeo institucional – é dada pelo diretor de arte, o encarregado pelo planejamento artístico de toda a produção. A concepção do storyboard, cenografia, luz e figurino são as principais tarefas desse profissional que usa as mais diversas ferramentas para elaborar seu projeto.

O ponto de partida do diretor de arte para desenvolver o trabalho é absorver o que se pretende com a realização do produto. A partir daí começa a maratona técnica para dar forma ao conteúdo. O projeto tem início com o estudo do roteiro. “A situação ideal para desenvolver um bom trabalho de direção de arte é participar desde a elaboração do roteiro. Muitas das situações apresentadas são criadas pelo diretor de arte”, considera o diretor de arte e artista plástico Luciano Angelini.

A definição do espaço onde a idéia será materializada é fundamental para a criação do projeto cenográfico. Conhecer a locação ou até projetar a construção do local onde ocorrerá a captação ou se desenrolará o evento envolve o conhecimento dos dados contidos na planta baixa do espaço como pé-direito, localização e altura das varas e grids e existência de passarelas ou fosso, que eventualmente poderão ser utilizadas na criação dos cenários, adereços, figurino, iluminação e planejamento de cores – ou a elaboração de um projeto com todos estes requisitos.

Nos storyboards estarão definidos os planos de captação, a visão e a circulação dos participantes de um evento, o posicionamento de câmeras, luzes, objetos cenográficos e artistas na cena. Atualmente, tem sido grande a importância dada à execução do storyboard para facilitar e agilizar o trabalho do diretor de cena. Dessa forma menos tempo é consumido em ensaios e repetições dos takes, evitando-se o desperdício de tempo e dinheiro em tempos de orçamentos apertados.

Com a aprovação dos planos visuais da produção, que inclui as texturas que serão empregadas, efeitos na pintura, elementos que irão compor o plano e objetos de cena, entram em campo o produtor de design e os cenotécnicos (serralheiros, pintores, marceneiros), que irão efetivamente pôr a mão na massa, para concretizar a obra.

Luis Rossi,diretor de arte e cenógrafo de longas como “Memórias póstumas”, “Dois córregos”, “A hora mágica”, dentre outros, e de comerciais e peças de teatro, diz ser muito comum no Brasil o diretor de arte acumular também a função de desenhista de produção. Desenvolvendo atualmente um grande projeto para a realização de um evento da GM, entre seus trabalhos em comerciais, programas e comerciais de TV e eventos, Angelini destaca o lançamento do Windows 2000, realizado no Via Funchal,em São Paulo, no ano passado, e produzido pela Miksom, como um dos projetos mais abrangentes que já participou: “Além do planejamento visual do local, o palco teve de ser ambientado para a realização de performances circenses, teatrais, projeção de vídeos e apresentação de shows.” Para ele, é importante que o diretor de arte tenha pelo menos fundamentos sobre iluminação cênica, seja em estúdio ou teatro.

Rossi concorda. “Um ponto de luz no teatro representa muita coisa, enquanto no cinema ou na televisão este ponto de luz tem de ser ampliado. No teatro, uma vela acesa ilumina o rosto de um ator e representa todo um universo; no cinema isso já não acontece. Você pode até conseguir um resultado, mas fotograficamente falando é muito mais difícil, na verdade você vai representar um ponto de vela.”

Ao conceber os espaços, Rossi esboça à mão e, somente com o projeto finalizado, isto é, com as informações detalhadas sobre o plano visual da produção, é que o desenha digitalmente.

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FONTE
Revista Tela Viva
Edição nº 112 – páginas 22 a 24 – Dezembro de 2001