Associações psicanalíticas no cinema

Associações psicanalíticas no cinema

Por Alessandra Meleiro

Dois livros publicados em 2004, “O psicanalista vai ao cinema”, de Sérgio Telles e “A metáfora opaca: cinema, mito, sonho e  interpretação”, de Franklin Goldgrub, fornecem ótimas descobertas sobre como a psicanálise pode estar colocada a serviço do entendimento do que acontece na tela do cinema e nas reações despertadas nos espectadores.

Baseado em conceitos freudianos e lacanianos, Telles analisa filmes como “Festa de família” (1998), de Thomas Vinteberg, “Quero ser John Malkovitch” (1999), de Spike Jonze, e “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles. Roteiristas e diretores, na opinião de Telles, acabam por descrever questões como conflitos de identidade e de gênero, dramas edipianos e conjugais, fantasias eróticas e a importância da família na constituição do sujeito, revelando conflitos inconscientes dos personagens.

Nas análises, interessantes fatos são apresentados, como a admiração de Freud por Arthur Schnitzler, autor da obra literária que gerou o filme “De olhos bem fechados” (1999). O escritor, assim como Freud, é um investigador das profundezas psíquicas.

Para Goldgrub, em “A metáfora opaca”, os filmes, assim como os sonhos, se apresentam como mistério. Suas elucidações exigem o concurso da associação livre e atenção flutuante, pilares do método psicanalítico, utilizando-as para expor de forma surpreendente os sentidos subjacentes às narrativas de filmes como “Fale com ela” (2002), de Pedro Almodóvar e “Cidade dos sonhos” (2001), de David Lynch. Familiarizado ou não com o método psicanalítico, não deixe de conferir.

FONTE
O texto foi publicado originalmente em Janeiro/2005 na Revista 2001, n. 28, pp. 14, São Paulo. Para vê-lo, clique aqui.