Mostra apresenta o Irã em estado bruto

Mostra apresenta o Irã em estado bruto

 

Por Luciana Coelho

Que tal assitir a um ciclo de documentários iranianos independentes em curta-metragem, a maioria produzida com câmeras digitais ou em 16mm?

A proposta feita pela curadora Alessandra Meleiro, doutora em Cinema pela USP e colaboradora da Folha, assusta à primeira vista.

Afinal, se a aclamada ficção iraniana, patrocinada pelo governo e premiada internacionalmente, é conhecida pelo ritmo arrastado e pela precariedade técnica, é de esperar que documentários independentes estejam degraus abaixo nesses dois quesitos.

De fato, é preciso esforço de abstração para se concentrar no conteúdo das produções que integram a primeira Mostra de Documentários Iranianos Independentes, que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil e vai até o próximo domingo. Mas quem obtiver sucesso nesse exercício não deve se arrepender.

A indústria independente iraniana é embrionária. “Ainda não conseguimos transformar o sucesso em festivais internacionais em um mercado real, já que quem costuma promover o cinema iraniano é o governo”, disse à Folha Mohammad Atebbai, fundador do Iranian Independents. Mas há no ciclo trunfos, como a liberdade em tratar de temas sociais e políticos.

“Fica claro que os órgãos estatais não produzem ou financiam filmes que vão tratar abertamente de temas sociais ou políticos. Os independentes podem fazer isso”, comenta Atebbai. Foi por meio do grupo, criado pelo cineasta em 1997 para promover os independentes fora do Irã, que os filmes da mostra chegaram ao Brasil.

Meleiro conseguiu montar, com 19 produções, um painel bastante amplo do Irã contemporâneo.

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FONTE
Artigo originalmente publicado na Folha de São Paulo, Caderno Ilustrada, São Paulo, 27/07/2004, pág. E4